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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Thread de ideias e worldbuilding Parte 1

Primeiro post com o thread de troca de ideias e worldbuilding que surgiu após o Rogério Ribeiro ter divulgado o projecto no grupo Trema, a 18 de abril, por volta das 20.21h.  Dada a extensão e actualização do mesmo, optou-se por o dividir em partes. Igualmente, apenas se retiveram os comentários pertinentes. Sentimos que muitas das ideias podem contribuir para uma expansão do universo Winepunk.


Rogério Ribeiro: Imaginem, tecnologia do pós-I Guerra Mundial, mas movida... a vinho! Uma guerra de atrito entre Norte e Sul, República e Monarquia...

Vítor Frazão: Os custos de produção deveriam ser absurdos.
Será que haveriam vinhas suficientes para produzir tanto combustível? Por acaso agora fiquei curioso.

Rogerio Ribeiro: Vitor Frazão, historicamente, as exportações de Vinho do Porto diminuiram brutalmente devido à Grande Depressão, portanto haveria naturalmente um excedente de vinho nos anos 20. Além disso, assim que foi aplicada essa tecnologia, a Monarquia do Norte elevou a vinha a uma inusitada importância estratégica e rapidamente acelerou a sua implantação... certo, Amp Rodriguez ?

Vitor Frazão Um excedente a esse ponto? E apenas de vinho do Norte, certo? Bem, tubo bem, se criaram os motores mais eficazes do mundo.

Rogerio Ribeiro A República tem combustível tradicional com fartura, mas o seu bloqueio impede que a Monarquia do Norte o receba... daí o surgimento da tecnologia a vinho...

Pedro R. G. Ventura: Mas eu já conheço muita gente que funciona a vinho... Arrisco dizer que são uma percentagem considerável da população. Será assim tão "alternativo"?

Luis Filipe Silva: Finalmente um género perfeitamente luso! Deste ninguém perguntará se existem problemas de portugalidade
Luis Filipe Silva: Bem, sugestão: enopunk, ao invés de winepunk, porque temos prefixo para o vinho mas não para o punk
Luis Filipe Silva: excepto pelo tradutor mais infame que traduziu cyberpunk por cibermaníaco...

Rogerio Ribeiro: O Manuel Alves é que tem razão, Winepunk será a dádiva portuguesa ao Mundo!
Rogerio Ribeiro: A Repartição nunca se despista, esquece ou perdoa...

Artur Coelho: e agora que chegadinho de moliére pude ler o vosso manifesto: parabéns, o porto como cidade com carácter tão próprio e evocativo é cenário prometedor.

Rogerio Ribeiro: Again, Artur Coelho, blame it on Amp Rodriguez!

Joel Puga: Hmmm. Pressinto o regresso do Vinho Morangueiro. Pode ser mal para a saúde, mas como combustível é capaz de ser perfeito.

Amp Rodriguez: Vitor Frazão, os custos de produção seriam mais elevados que os do petróleo?
Amp Rodriguez: Luis Filipe Silva, obrigada. Foi o melhor elogio até agora e o mérito passa também por ti, pois esta é a resposta ao desafio que me lançaste em dezembro, no post de boas festas que publiquei.
Amp Rodriguez: Artur Coelho, o Porto é uma naçom
Amp Rodriguez: Rogerio Ribeiro, ou te acalmas ou a Repartição será célere na acção
Amp Rodriguez: Finalmente, tal como a Jo Lima, fico feliz com a recepção à ideia. As dúvidas em relação a alguns aspectos deste universo, tão português que se pode permitir a ter um prefixo estrangeiro, serão esclarecidas nos posts que em breve serão disponibilizados. A ideia pode parecer "um pouco parva" mas demorou três longos meses a ser elaborada com calma. Portanto, o tempo já lhe deu maturidade para ter evoluído para "um pouco estranha". O que nós esperamos é que dentro de uma semana já seja "entranha"

Vitor Frazão:  Do que os custos do petróleo no época mencionada? Provavelmente. Mas isso vê-se bem. É ver quando o barril de petróleo estava época e quando estava o vinho do porto. O meu principal ponto é a proporção entre o espaço de vinha necessária para suster as necessidades industriais (que imagino não serem tão pequenas quando isso, apesar de tudo). Ou será que os motores em questão funcionam a ambos os combustíveis?

Amp Rodriguez: Rectifico, que o preço do carvão.
Amp Rodriguez: Os motores e a tecnologia dependem da imaginação dos autores, portanto devolvo-te a pergunta
Amp Rodriguez: Em particular, eram Portugal e o Norte tão industrializados que as vinhas não dessem conta do assunto?
Amp Rodriguez: Mas essa questão foi igualmente levantada durante a construção do universo Winepunk e o blogue disponibilizará links sobre biocombustível e motores movidos a álcool em breve. Apenas sentimos que antes das dificuldades, o Reino da Traulitânia devia encantar

Vitor Frazão: Boa pergunta. Estamos a falar de 1920, mais ou menos, certo? Duvido que um litro de vinho tenha a mesma eficácia de um litro de gasóleo e deixará muito mais resíduos. Malta de engenharia mecânica , têm dados sobre isto?

Manuel Alves: Amp, biocombustível e motores movidos a álcool... a minha ideia (espectacular ) é mais por aí (de certo modo... ahah). Há que tirar partido das potencialidades químicas do vinho (inventá-las se necessário) de maneira a que a quantidade disponível de vinho não seja propriamente um problema insuperável (a minha ideia é mesmo espectacular... ahah).

João Ventura: Diria que o teor de álcool no vinho (12 - 14 % em volume) não é suficiente para o fazer arder. Se o destilarmos já é outra coisa... Terá que ser por aí...

Vitor Frazão: Agora se forem pelo que disse o Manuel e tiverem o super-motor que por algum motivo funciona a vinho como uma eficácia sobrenatural, aí sim. O céu é o limite.

João Ventura: Um pouco de magia é "spicy". Convém é não abusar...

Joel Puga: A produção do vinho do porto não será demasiado cara para depois se simplesmente pegar no produto e transformar em etanol? Daí a minha sugestão do vinho morangueiro vindo das vinhas americanas. Lembro-me que eram bastante mais produtivas que as vinhas europeias e o vinho era mais barato. Só não tenho a certeza que já tivessem sido introduzidas no nosso país em 1919...

Amp Rodriguez: Joel Puga, em tempos de paz, provavelmente tens toda a razão. Mas o universo winepunk situa-se num período temporal de emergência nacional Na guerra, só se pensam custos a posteriori.

Luis Filipe Silva: Uma extensa discussão de worldbuilding colectivo com participação de jovens autores que não é habitual encontrar-se em debates sobre os bastidores da escrita... Amp Rodriguez e Jo Lima, só por este pequeno milagre já estão de parabéns!

Rogerio Ribeiro: Acima das questões tecnológicas, não se esqueçam que o Norte está limitado por um bloqueio (por mar pelas tropas republicanas e também por terra pelo exército espanhol, que não achou piada à Galiza ter-se juntado à Monarquia do Norte) que impede a importação de petróleo. Logo, a existência de um combustivel alternativo ultrapassa qualquer consideração de custos..

Vitor Frazão: Norte não tem minas de carvão, nem semeia cereal?

Rogerio Ribeiro: Escapa-vos que o vinho não é só um vinho... é o espírito da coisa!
Rogerio Ribeiro Alguém pergunta no steampunk porque não usam eles petróleo?

Vitor Frazão: Não, não escapou, fica descansado. Mas aí nada há a indicar, nem pode haver.
Vitor Frazão: Aí presume-se por a tecnologia não ter sido adaptada. Aliás penso que a piada estará aí. Agora, posso estar enganado, mas algumas usam, de facto petróleo. A não ser que a sua classificação como steampunk seja incorrecta... Hipótese que não é de descartar...

Amp Rodriguez: Vitor Frazão, como é óbvio há cereais no Norte. Mas a winepunk, como a steampunk (que é a mais usual), prende-se com uma identidade particular e uma iconografia específica, pela ligação que existe entre o vinho do Porto, a cidade e a possibilidade química de se puder imaginar (mesmo "spicy", como diz e bem, o João Ventura) um progresso tecnológico alternativo. Entre estes factores e o ponto histórico a partir do qual optamos por uma divergência temporal há uma lógica. Deixem a Beerpunk para os alemães!

Vitor Frazão: Pois, porque foi exactamente a algo do género Beerpunk que me referia. -.- Só para ter a certeza que topei tudo. Estamos a falar de um período entre 1919-1922, um Norte monárquico em conflito com um Sul republicano?

João Barreiros: Os meninos viram os meus posts anteriores dobre as uvas transformadas em plasma? Ora aí está o ideal combustível. Uma temperatura igual à do sol, sob a influência de um magnetrão. Qual álcool qual história. Duas metades de uva a descarregarem energia uma sobre a outra...

João Ventura: E a energia vem de onde? Ai a " suspension of disbelieving"...

João Barreiros: Vejam o post do Youtube na minha página.
http://www.chemistry-blog.com/2012/07/09/why-do-grapes-and-microwaves-plasma/
João Barreiros: Bom, teria de haver um motor eléctrico para o arranque e a descoberta antecipada das micro-ondas.
João Barreiros: Este senhor descobriu o estado de plasma em 1879. Portanto estará dentro da lógica da narrativa.
http://en.wikipedia.org/wiki/William_Crookes
João Barreiros: E aqui está como, aquecidos pelo plasma, funcionariam os barcos ao longo do Douro.

Carlos Silva: Nesse caso não se está a gerar energia, apenas se está a ver melhor que ela existe

João Ventura: 1. Um plasma é um gás ionizado, isto é, no qual uma certa quantidade de átomos perderam um ou mais electrões, ficando iões positivos. O que está dentro de uma lâmpada fluorescente acesa é um plasma, Uma chama é um plasma... A diferença principal entre um gás normal e um plasma, é que o primeiro é electricamente neutro, enquanto o segundo, como tem alguma separação de cargas, pode conduzir uma corrente eléctrica. Mas é preciso energia para produzir um plasma, e o que se pode utilizar a partir de um plasma resulta basicamente de ele se encontrar (em geral) a uma temperatura elevada.
João Ventura: 3. Os barquinhos pop-pop. na cadeira de Termodinâmica da Eng. Mecânica do Técnico, nos últimos anos tem sido organizada uma competição entre equipas de alunos que projectam e constroem barquinhos destes que depois são sujeitos à prova da verdade num tanque de água com vários metros de comprimento. A fonte de energia é uma vela, e a competição é divertidíssima de assistir. Mas não tem qq relação com a cena das uvas...

Carlos Silva: Desde o início da discussão que o eng interior me está a chatear. Vejamos:
Utilizar vinho do Porto como combustível é pouco provável. Tanto pelos resíduos que destruiria qualquer motor afinado como pelo facto de o vinho do porto ser aguardente diluído (para fazer vinho do porto junta-se 4 porções de aguardente por cada 1 de vinho no início da fermentação, daí ele ser docinho como o sumo de uva).
A hipótese está em destilar o vinho para obter aguardente de vinho (e possivelmente destilar o mosto para obter aguardente do mosto) e usar isso como combustível líquido. Consegue-se aqui perceber o dispêndio de energia a destilar (se for com Pirelióforo do padre Himalaia melhor) pois os combustíveis líquidos são faceis de transportar e têm um boa densidade energética.
Para alimentar uma quinta a queima directa do mosto exausto de alcool e resíduos da poda da vinha pode ser uma hipótese.
Outra hipótese pode ser a fermentação anaeróbia de tudo isto, formando-se metano e atencipando-se a invenção dos motores a gasogénio.http://www.apvgn.pt/fotos/gasogenio_3.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Digest%C3%A3o_anaer%C3%B3bia
 http://pelanatureza.pt/ficheiros/primeiro-veiculo-a-vgns(1).jpg

Luis Filipe Silva: Fica aqui o comentário: está a levar-se muito "à letra" (do espírito do steampunk) o conceito de winepunk, como se levou electropunk, etc. Ou seja - "forma de energia" + "punk". Lembro que em "ciberpunk", de onde tudo isto nasce, "ciber" NÃO é uma forma de energia, e sim um estilo, uma tecnologia, uma postura social. Cuidado com a especulação - usem-na para alargar as hipóteses narrativas, não para limitá-las. E, sim, questionem todos os pressupostos... todos.

João Ventura: Não sei porquê, perdeu-se o ponto 2 sobre as uvas... RaispartaoFB! Outra vez:
As microondas "aquecem" as moléculas de água de qq coisa que se meta no forno. Isto vem de que as moléculas de água são polares (comportam-se como pequenos ímanes, se quiserem) e o campo electromagnético faz com que elas se ponham a rodar e essa energia de rotação é transmitida depois ao resto do material. O que suspeito que acontece com as uvas é o seguinte: o sumo de uva é na essência água açucarada. Com o aquecimento a água entra em ebulição, há microgotas que são projectadas do fruto, a água evapora e o açucar arde. Não me parece que haja ali qq plasma...

Vitor Frazão: Sim, concentrar mais ou menos na tecnologia, na sua viabilidade ou não, fica ao cargo do autor de cada conto. De acordo. Agora, um debate sobre as possibilidades da mesma parece-me válido, não? Eu pelo menos acho interessante. Se preferirem podemos passar para uma discussão sobre as potenciais alterações sociais da secessão referida...

Carlos Silva: Migração dos conde, duques e assim para o Porto, com toda as implicações de ir para "o campo" (jogar-se com os estereótipos que deviam haver na altura).
Outra coisa interessante será pensar no pacto de Portugal com os ingleses que se diz que foi assinado pelo vinho do Porto. Protegerão os ingleses o Portugal do Sul ou do Norte ou ambos?

Rogerio Ribeiro: A viabilidade do vinho como base do biocombustivel pode ser perfeitamente resolvida por via biológica:
http://latimesblogs.latimes.com/greenspace/2009/08/waste-wine-primes-the-pump.html
mas também sublinho que o Winepunk não se pode perder em obcessões científicas...

Ana Cristina Rodrigues: (Vou criar o Pingapunk, me aguardem)

Amp Rodriguez: Vitor Frazão, mais do que interessante, a discussão é fundamental e existiu quando se começou a elaborar o universo winepunk. Nem a Jo Lima nem eu somos alheias ao universo científico e a estas discussões
Amp Rodriguez: Carlos Silva, eu preferia que aguardassem um pouco mais a discussão sobre o segmento social e político, porque nesse caso as fronteiras do que é e do que pode ser são mais estreitas que no caso da ciência a partir do vinho.
Amp Rodriguez: Tal como disse, nós temos uma série de posts sobre os aspectos políticos possíveis, baseados também nos registos históricos da época e que serão disponibilizados.
Amp Rodriguez: E sim, os britânicos têm uma intervenção importante nos acontecimentos da Monarquia do Norte, como não poderia deixar de ser

Vitor Frazão: Damn Amp, cortas-me as vazas. Logo agora que ia aproveitar o comentário do Carlos para entrar a fundo no tema.

Rogerio Ribeiro: Amp Rodriguez, tenho autorização para criar as quase-mágicas Saccharomyces monarchica?

Amp Rodriguez: Mas posso dizer que num mundo tão permeado pelo conflito, a possibilidade de contos e narrativas de espionagem é bastante elevada Há quem já tenha apresentado sinopses sobre tal

Vitor Frazão: Tendo em conta as raizes republicanas no Norte faz sentido.

Amp Rodriguez: Ah, é verdade! Há delimitações em relação ao fantástico, porque pretende-se que a prioridade seja a ficção científica. Lamento se isso desilude alguém. Também temos um post sobre todas as possibilidades fantásticas e até exemplos de livros para inspiração.

Rogerio Ribeiro: Sobre isso, aconselho uma espreitadela à história dos serviços secretos portugueses
http://www.sis.pt/hinfopt.html

Luis Filipe Silva: Pode estender-se o conceito de vinho sem o quebrar. Não tem de ser o vinho para beber. Podem existir castas para biofuel com um teor etílico mais apurado. Podem existir variedades de vinho infectadas por determinados fungos que apuram a inteligência e afastam as doenças - o governo pode usar o vinho como fonte de disseminação popular para apurar a "raça do norte". Pode ser usado na guerra química, para distribuir antídotos contra ataques da malta do sul. Podem (e devem) distrubuir-se garrafinhas de vinho adulteradas nas primárias para manter os putos controlados. Pode usar-se vinho como ataque (arma de dependência viciante) contra estrangeiros ou para enriquecer o território.


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