Encerrou há quase uma semana o período de submissão para a primeira antologia winepunk de sempre.
Antes de mais, agradecemos a todos os que submeteram, sem excepções. O conceito é novo e como quase todas as coisas novas, a estranheza costuma ser a primeira reacção. Por isso estamos felizes não só que tenha existido quem conseguisse sobrepor a criatividade à reacção de estranheza mas igualmente o tenha feito com garbo e qualidade.
Em segundo lugar, a equipa pode neste momento afirmar que fez a opção correcta em delimitar rigidamente as regras relativas ao enquadramento histórico, geopolítico e fantástico, permitindo liberdade criativa apenas na especulação científica. Desde o início que se procurou a polifonia numa tonalidade comum, invés
de monólogos em dissonância e as submissões possuem isso mesmo. Não há nenhum conto submetido que tenha optado pela mesma solução ou visão e a variedade surpreende e encanta. Mais, mesmo em termos de narrativa, diferenciam-se vozes. Há quem dê preeminência aos aspectos políticos, há quem dê preeminência aos aspectos humanistas, há quem jogue tudo por tudo na especulação científica e há mesmo quem opte por amores trágicos, o que é mais que adequado a uma antologia localizada nas terras onde Camilo Castelo Branco se perdeu por paixão. A polifonia está presente até na natureza dos autores. Há quem seja consagrado, há quem seja emergente, há quem seja um novo valor. Independentemente da lista final dos autores seleccionados, todos os autores que submeteram foram pioneiros do conceito winepunk no terreno, arriscaram traçar caminhos em terrenos não cartografados e esse mérito ninguém lhes pode tirar.
Em terceiro lugar, esta é a altura de fazer o anúncio de um aspecto da antologia, não existente no momento em que foi feita a apresentação do universo winepunk e que optámos por divulgar apenas após o período de submissões acabar, uma vez que ele em nada interferia na escrita dos autores que desejassem submeter. A antologia winepunk deverá incluir o conto de um autor estrangeiro, não-lusófono, conhecido na área da literatura fantástica e escrito na sua língua materna. Lado a lado com a história original, estará a tradução da mesma, em português. Este aspecto é-nos grato, par a par com as submissões portuguesas, pois sempre defendemos que a iconografia do Douro e do vinho do Porto, a base do universo winepunk, seria um conceito apelativo além-fronteiras. A prova disso foi o desafio, lançado há poucos dias por uma pessoa do meio editorial, de ponderarmos mercados não-lusófonos.
Neste momento, no entanto, isso ainda está distante. A equipa quer, antes de mais, trabalhar no sentido de a antologia ser o que esperávamos, incluindo o aspecto gráfico. Desejamos a inclusão de ilustrações, muito ao modo das edições antigas, quando o livro era literatura, era arte e era um tesouro para ser estimado por gerações. Esperam-nos semanas de trabalho intensivo e análise cuidada. Por isso, o anúncio da lista dos autores seleccionados só poderá ser conhecido em Setembro.